Saiba como lidar com as dores psicológicas.
- Matéria publicada pelo Portal da Educação Física
- 27 de jul. de 2016
- 3 min de leitura

Por Daniela Augusto
A dor física passa depois de iniciado o tratamento médico, mas o que incomoda por muito tempo é a dor emocional que traz a tal lesão, ainda mais se o corredor estiver inscrito em uma corrida que ele considera importante. Foi o que aconteceu em 2015 com Giselli Souza, de 35 anos, que corre há oito anos e já fez quatro maratonas.
“Estava fazendo um longão e torci o tornozelo direito. Tive rompimento ligamentar e edema ósseo”, fala a atleta, que já tinha tudo pago para correr a Maratona de Chicago, em outubro. “Fiquei muito triste, pois a maratona não é só no dia da prova, mas algo que envolve um planejamento psicológico intenso”, lamenta.
“Senti bastante raiva, pois depositei muita expectativa nessa maratona. Passava por uma série de problemas pessoais, entre os quais, o fim de um relacionamento, excesso de trabalho e final de um MBA. A lesão foi como uma cereja do bolo nessa tempestade”, conta Giselli, que conseguiu negociar a participação em 2016.
A raiva sentida por Giselli no processo de recuperação da lesão, a privação de treinos e, no caso, a perda de um evento, é normal. “De certa forma é até saudável sentir raiva, pois demonstra interesse”, fala o psicólogo do esporte Henrique Carpigiani Ribeiro. “A raiva surge como um sentimento passageiro, no caso de situações normais, a não ser que a lesão tenha sido provocada pelo próprio atleta, pois gera sentimentos mais complexos, como culpa. É normal ficar triste, é normal sentir raiva, mas a preocupação aparece quando esses sentimentos permanecem por período prolongado.”
Mente Sã
A recuperação mental depende, sobretudo, do atleta. Para o psicólogo, ele pode ficar até mais forte se passar por um processo de aceitação rápido e consistente. Alguns fatores que auxiliam são: coletar o máximo de informações sobre o motivo da lesão e seguir as orientações à risca (feitas por fisioterapeutas e médicos) sem queimar etapas.
Para lidar com as dores psicológicas de uma lesão, o atleta em recuperação deve ocupar a cabeça com coisas produtivas, principalmente nos primeiros estágios da reabilitação. Achar outro hobby e fazer novas atividades de que gosta para preencher o tempo é uma boa alternativa. “O importante não é só não ficar triste, é também controlar a ansiedade pelo retorno”, complementa Ribeiro.
A Volta
O processo de retorno aos treinos também deve envolver um bom trabalho mental, sobretudo para que o atleta evite a ansiedade e o medo de correr. Para que esse “medo” diminua, é importante que o corredor conte com o apoio de especialistas. “Neste período de volta, a participação de um treinador é fundamental, pois ele pode incentivar o atleta a se recuperar o mais rápido possível e retornar aos treinos sem hesitar”, explica o treinador Julio Dotti, da assessoria esportiva Limite Team. “Às vezes, o evento traumático é tão grande para a pessoa que ela passa a ter medo de correr só para não passar pelas dores de novo.”
Fortalecer a musculatura em uma academia, além de ser essencial para a parte física, também servirá para dar mais confiança no retorno. “A musculação, nesse caso, faz parte do ganho de confiança”, fala o treinador, que incentiva. “É preciso tratar a lesão com o ortopedista e o fisioterapeuta e, principalmente, controlar a mente para poder seguir em frente. Voltar ao condicionamento físico anterior é rápido!”.
Matéria publicada pelo Portal da Educação Física
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